Conta
a tradição oriental que certa vez Sidarta Gautama já em idade bem
avançada, passava por uma floresta junto com seus discípulos quando
encontrou aprendizes de outro mestre, e um deles logo foi dizendo:
"Nosso mestre é um grande avatar. Ele levita e faz
materializações extraordinárias. Nós mesmos presenciamos isso,
somos testemunhas!" E, fixando o olhar nos discípulos de Buda,
inquiriu: "O que vocês tem a dizer sobre seu mestre? O que ele
pode fazer, que milagres realiza?". Sidarta Gautama tudo
escutava silenciosamente e deixou a cargo de seus companheiros a
resposta. Apenas observava o desempenho de cada um. Então, um logo
se adiantou e respondeu: "Nosso mestre, quando está com fome,
come; e quando ele tem sono, dorme. Ele nos ensina a andar, quando
estamos andando; a comer, quando estamos comendo; a sentar, quando
estamos sentados. E um deles, inconformado, exclamou: "O que
vocês estão falando ?! Chamam de milagres o óbvio?! Todos fazem
essas coisas!" E o ponderado discípulo de Buda retrucou:
"Engano de vocês. Quase ninguém faz isso. Quando as pessoas
dormem pensam sem cessar, estão dispersas no sono. Quando comem,
estão distraídas, falando mil coisas. Quando andam, estão
desatentas e qualquer ocorrência lhes rouba a atenção. Mas, quando
meu mestre dorme, ele apenas dorme: somente o sono existe naquele
momento, nada mais. E quando sente fome, ele apenas come. Ele sempre
está no lugar onde deve estar, ou seja, jamais é arrebatado pelos
fatos e acontecimentos que se foram e pelos que hão de vir; vive
sempre no momento presente."
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