Em
meados do ano 2000, revista de circulação nacional divulgou que
o Estado de São Paulo, de forma pioneira, havia criado Comissão
Especial de Avaliação das Atividades nas Escolas das Polícias
Civil e Militar,
e acrescentou que a “boa
polícia não se forma apenas na rotina dos quartéis e das
delegacias”.
Contudo, ainda que digna de
aplauso, aquela decisão das policiais de São Paulo não foi
precursora no Brasil. O que elas fizeram no ano de 2000 a Polícia
Militar da Bahia (PMBA) começou em 1995 e estendeu até 1998, e não
o fez por meio de Comissão
Especial
para atuar somente no campo da formação, fiscalização e avaliação
de cursos. O comando da PMBA ousou mais, ao celebrar convênio
de parceria abrangente
com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), representada pela Escola
de Administração (EA), para desenvolver programa igualmente
abrangente, com o objetivo de fomentar modificações na estrutura
organizacional, nos currículos dos cursos de formação, e respaldar
no planejamento e realização de cursos destinados à melhoria da
capacitação dos dirigentes, que contribuíssem para a construção
de novos saberes e conduzissem a novas concepções e atitudes.
O comando da PMBA foi além. Em maio de 1995, com vistas a integrar mais os coronéis e diminuir os antagonismos nos relacionamentos, promoveu um workshop coordenado por profissionais da Fundação Terra Mirim – psicólogos e terapeutas –, no qual eles pudessem expressar livremente as razões dos desencontros de ideias, concepções e atitudes, e trabalhar a superação das diferenças. O labor mostrou-se tão alentador que motivou alguns coronéis a pedirem sua continuidade e aprofundamento. Em vista disso, o comando geral decidiu firmar convênio de parceria com a Fundação Terra Mirim, prosseguir o movimento com os coronéis e estendê-lo, inicialmente, aos tenentes coronéis, majores, capitães e tenentes. Em face dos resultados alcançados, semelhantes atividades, acrescidas do revigorar da humanização no profissional, foram ampliadas aos alunos a oficiais e a alguns sargentos, cabos e soldados. Não obstante isso, o convênio foi incompreendido, criticado e considerado extravagante, tanto pelo tipo de trabalho que pretendeu e desenvolveu, quanto por ignorância do significado e alcance dos resultados dele decorrentes, seja para o homem seja para a instituição.
O comando da PMBA foi além. Em maio de 1995, com vistas a integrar mais os coronéis e diminuir os antagonismos nos relacionamentos, promoveu um workshop coordenado por profissionais da Fundação Terra Mirim – psicólogos e terapeutas –, no qual eles pudessem expressar livremente as razões dos desencontros de ideias, concepções e atitudes, e trabalhar a superação das diferenças. O labor mostrou-se tão alentador que motivou alguns coronéis a pedirem sua continuidade e aprofundamento. Em vista disso, o comando geral decidiu firmar convênio de parceria com a Fundação Terra Mirim, prosseguir o movimento com os coronéis e estendê-lo, inicialmente, aos tenentes coronéis, majores, capitães e tenentes. Em face dos resultados alcançados, semelhantes atividades, acrescidas do revigorar da humanização no profissional, foram ampliadas aos alunos a oficiais e a alguns sargentos, cabos e soldados. Não obstante isso, o convênio foi incompreendido, criticado e considerado extravagante, tanto pelo tipo de trabalho que pretendeu e desenvolveu, quanto por ignorância do significado e alcance dos resultados dele decorrentes, seja para o homem seja para a instituição.
Prosseguindo
a ousadia, afora o convênio com a UFBA/EA e Fundação Terra Mirim,
houve outros com alvo mais restrito e específico, com vistas ao treinamento do policial militar para o
exercício do policiamento comunitário. Esses
trabalhos, embora ainda não tenham sido avaliados por especialistas
no assunto, produziram consequências que se podem julgar positivas,
pois conduziram a visíveis mudanças de postura, concepção e ação
nos agentes públicos deles beneficiários. Contudo, com o fim do
Comando Souza Filho, no qual foram idealizados, planejados e
iniciados, o programa e os projetos também tiveram fim, foram
desprezados, e até o Núcleo de Memória que o integrava
desapareceu. (...) Considera-se
que a Polícia Militar da Bahia, com a rejeição e abandono do
programa, perdeu a oportunidade histórica de tornar-se referência,
pioneira na clamada transformação da cultura e do perfil
institucional, do saber e fazer do profissional que a compõe; na
construção de nova polícia. Por conservadorismo e medo de
arriscar, continuar ousando e tornar-se diferente, perdeu a
oportunidade histórica de produzir e espraiar conhecimentos.
As
polícias militares, não se tem dúvidas, para melhorar conceito,
desempenho e imagem precisam transformar cultura, noções, saber,
fazer..., e carecem de apoio externo para trabalhar e efetivar as
modificações necessárias e reclamadas. A parceria, particularmente
com entes produtores e transmissores de conhecimentos, com linguagem
e entendimento distintos, é a alternativa, porquanto o intercâmbio
cultural, de saberes e fazeres possibilizará alavancar e ajudará a
consumar a metamorfose. Ao lado disso, acredita-se que a parceria
servirá não apenas para apoiar o impulsionar e o efetuar
transformações, mas, em face da decorrente interação e integração
de pessoas de formação distinta, poderá concorrer, igualmente,
para a ampliação de horizontes das organizações nela envolvidas. Este
texto foi escrito em julho de 2000, enviado ao jornal A TARDE e
publicado no Espaço do Leitor. Por considera-lo ainda atual, revi-o
e ampliei-o.
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