Este
é mais um ano eleitoral, (...) é a oportunidade de refletir-se e
analisar-se o desempenho no mandato dos candidatos em quem se votou
na última eleição municipal, assim os currículos – vida pública
e particular, as propostas, o grau de confiabilidade para o exercício
da missão postulada, e de comprometimento com a coisa pública e o
bem-estar comum, daqueles que são pleiteantes iniciais ao cargo de
prefeito ou vereador. Nas situações de reeleição, caso os
candidatos sufragados no pleito anterior tenham correspondido às
expectativas, demonstrado possuir estatura e idoneidade moral,
trabalhado pelo bem comum e, de forma clara, transparente, útil,
realizado o que prometeram nos palanques, é natural que se repita o
voto e lhes dê apoio na renovação do encargo pleiteado. Caso não
haja satisfação com as atuações despreze-os, escolha outros
candidatos que julgue confiáveis e preparados e ajude a elegê-los.
Mas fique atento à empulhação; às promessas vãs, enganosas, não
condizentes com as prerrogativas delegadas; aos que se proclamam
salvadores da pátria; aos que, noutras oportunidades em que
receberam delegação de atribuições, não corresponderam, não se
mostraram sérios, dignos, não tiveram lisura nem transparência no
cumprimento dos encargos administrativos ou legislativos; não
realizaram o que era reclamado, esperado e desejado pelo cidadão,
não fizeram sequer o que prometeram durante a campanha; não
demonstraram possuir reputação ilibada nem idoneidade moral,
atributos necessários ao ente público, e se reapresentam como
honrados e operosos gestores. Se
eleitos seus preferidos, fiscalize-os na ação das incumbências que
lhes foram delegadas e lhes cobre atuações coerentes, acordes com
os compromissos assumidos, as carências do município e das
comunidades que o integram. Não
basta votar. É indispensável ficar alerta, vigilante, fiscalizar e
cobrar dos eleitos o cumprimento das obrigações inerentes aos
cargos que exercem como delegados do eleitor. (…) Não negocie ou
troque o voto por favores ou benefícios pessoais ocasionais,
passageiros, sem significação. Vote na qualidade, no programa, na
confiabilidade, mesmo imaginária, do candidato ou dos candidatos.
Vote em busca de serviços qualificados nas áreas de educação,
segurança pública, saúde, saneamento básico..., cuja prestação
é responsabilidade imediata dos gestores públicos, embora o seja,
também, do cidadão, que tem a obrigação de cobrá-los. Vote
pensando nos interesses coletivos, exercitando o sentimento de
solidariedade, e os defenda após as eleições – isto não é
utopia; é um sonho, mas sonho possível, defensável, realizável,
cuja consecução passa pela crença, vontade, determinação e
atuação cidadã; e é ou pode vir a ser, igualmente, aspiração
comunitária. Utilize o voto como o instrumento de poder e mutação
que ele é, ou pode ser, se o eleitor quiser que o seja. Torne-se a
origem do poder e batalhe pela transformação de usos e costumes
político-partidários e administrativos equivocados seja
acompanhando, seja fiscalizando, seja cobrando ações, para que o
exercício do poder delegado se torne realidade e o outorgado passe a
atuar em nome e em atendimento aos desejos e interesses coletivos,
sociais, gerais. No ato de concessão do voto – que simboliza a
delegação de competência para o desempenho do poder –, e depois
de concedê-lo, lembre-se de que quem o delega não o perde, e
voltará a empregar igual prerrogativa noutros pleitos, sempre com
critério, cuidado e qualidade. Texto escrito em fevereiro de 2000, publicado no Espaço
do Leitor do jornal A TARDE. Revisado e adaptado.
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